A Ativo em Casa, sendo pensada por mim, tem na sua base todas as minhas vivências profissionais e académicas, por isso foi projetada com metodologias que acredito que funcionam e marcam a diferença pela positiva no acompanhamento ao idoso. Sempre quis apresentar um serviço que fosse construtivo e com recurso a modelos de intervenção que me fizessem sentido, além dos incontornáveis e necessários modelos de intervenção Neuropsicológicos, fundamentais para o trabalho junto de pessoas com demência. Juntei assim aos conhecimentos da Neuropsicologia a intervenção com base na Psicologia Positiva e a Psicologia Sistémica.
Não posso indicar que sou especialista em Envelhecimento, porque acredito que acima de tudo, sou especialista em pessoas, a ver as necessidades das pessoas que tenho à minha frente, sejam de que idade forem. Quando a equação junta pessoas, envelhecimento e demência, passamos a ter de envolver não só o Cliente Principal, como também todas as pessoas que estão à sua volta, o seu Sistema. Se pensarmos bem, o bem-estar do meu Cliente Principal depende largamente do bem-estar de todo o agregado familiar e amigos próximos (cuidadores informais) e do bem-estar de todas as outras equipas que intervém (cuidadores formais), a mínima questão em qualquer um deles vai afetar direta ou indiretamente o meu Cliente Principal.
Pensando numa perspetiva Sistémica, o Cliente Principal é o cliente que chega à Ativo em Casa, por intermédio de um familiar ou diretamente. Por vezes além deste Cliente Principal Ativo em Casa também temos o(s) Cliente(s) Secundário(s), geralmente Cuidadores Informais que necessitam de apoio não só informativo como também apoio no saber lidar com as emoções e o desgaste associados ao cuidado. São tendencialmente aqueles cuidadores que se negligenciam ou até mesmo se anulam em prol do Cliente Principal e que consequentemente entram num processo de desgaste, com impacte no próprio cuidado. Fazemos assim acompanhamento psicológico individual em duas frentes: a do Cliente Principal e a do Cliente Secundário ou Cuidador.
Há também Cuidadores, cuja necessidade de apoio não é psicológica e emocional, mas sim informativa, particularmente quando o Cliente Principal apresenta um quadro demencial. Existem sinais de alerta que têm de ser considerados o quanto antes, e que por vezes não são considerados pelos cuidadores porque se encontram pela primeira vez nesse papel e não conseguem reconhecer os sinais. Em Cuidadores mais experientes, os sinais de alerta podem também não ser vistos porque há a tendência para generalizar os sinais, ou criar hábito dos mesmos, esquecendo que cada caso é um caso. O trabalho informativo, junto dos Clientes Secundários ajuda a manter a autonomia do Cliente Principal por mais tempo e a atuar em tempo útil numa situação de crise. Na Ativo em Casa este trabalho informativo pode ser individual ou em grupo.
Como já indiquei, a Ativo em Casa quando planeia uma intervenção com o Cliente Principal, não pensa só nele, mas também no Sistema que o envolve. Ao trabalharmos em sistema, na maior parte das vezes em sessões separadas individuais, com o Cliente Principal e com os Clientes Secundários (cuidadores) é importante não transgredir os limites da confidencialidade, mesmo quando o Cliente Principal se encontra num processo demencial avançado. Este é o verdadeiro malabarismo ético e deontológico. Aqui o foco é na palavra “Principal”, pois acima de tudo temos de ter em consideração as necessidades, o bem-estar e o respeito pelo Cliente Principal.
Dentro da Intervenção sistémica, recorremos principalmente a três abordagens:
- Abordagem oriunda das Terapias orientadas para a Solução – Porque acreditamos que esta abordagem faz a ponte entre a Psicologia Sistémica e a Psicologia Positiva. As Terapias Orientadas para a Solução são a base do nosso acompanhamento psicológico, tanto a Clientes Principais como a Clientes Secundários, porque o foco de intervenção não é o problema em si, mas a solução do problema. Utilizamos metodologias que ajudam o Cliente a desenvolver objetivos atingíveis para solucionar o problema e a encontrar momentos exceção ao problema (momentos em que o Cliente conseguiu fazer face aos problemas) para refletir sobre: como conseguiu fazer face, quais as estratégias utilizadas e quais as forças do Cliente quando se vê com um problema.
- Abordagem Oriunda das Terapias Narrativas – Porque quando trabalhamos com Clientes Principais que apresentam um quadro clínico de demência, falamos tendencialmente em inversão de papéis (filhos que passam a cuidar dos pais) ou redefinição de papéis (esposos que passam a cuidar e redefinem/transformam a relação de casal numa relação de cuidado). Constrói-se assim uma nova narrativa nas vidas dos Clientes Principais e Secundários, logo é necessário trabalhar a adaptação e/ou a aceitação a esta nova Narrativa de vida, por mais difícil que seja. Temos que ressignificar preconceitos, papeis, identidades… basicamente todo o quotidiano dos Clientes. Temos de aprender a distinguir e nomear o que é o Cliente Principal Doente e o que é o Cliente Principal (porque o Cliente principal não é a doença) para que se consiga cuidar com bem-estar.
- Abordagem Oriunda dos Limites Sistémicos – Os limites vêm ajudar na nova definição de papéis mencionada na abordagem oriunda das Terapias Narrativas. São eles que no final de contas previnem os Cuidadores de entrar num processo de desgaste emocional, porque são eles que ajudam o Cuidador a separar os papeis que desempenha: o papel de cuidador, o papel de familiar e o papel dele próprio enquanto pessoa individual com necessidades. É a abordagem dos Limites Sistémicos que nos permite apoiar os cuidadores a encontrar um Propósito de Vida que vai além do papel de Cuidador, para que quando no Papel de Cuidador tenham mais disponibilidade para tal, com consequências construtivas para o Cliente Principal cuidado.
Apesar de se ter refletido sobre as metodologias de Intervenção Sistémica que recorremos, também falamos nas outras duas abordagens que usamos: a Neuropsicologia e a Psicologia Positiva. A Integração de várias abordagens é por si só sistémica do ponto de vista da intervenção e permite uma maior abrangência dos serviços de acompanhamento da Ativo em Casa. Sendo mais abrangentes, os serviços adequam-se a um número maior de pessoas.
A Ativo em Casa existe desde 2015 e foi projetada para marcar a diferença na intervenção junto com o idoso. Trabalhamos com instituições e clientes individuais e contamos cum uma equipa de 5 psicólogos sempre pronta a ir ao encontro das necessidades individuais de cada cliente. Recorremos a um modelo de intervenção de base focado no bem-estar, nas competências e no sentido de continuidade. Caso se identifique com o que leu, marque uma sessão connosco.