Na infância, a época natalícia é o lugar da magia e da comunhão, mas na idade sénior é, muitas vezes, uma época em que a perda e o sentimento de solidão são os lugares mais presentes e visitados.
Quando nos referimos à solidão, referimo-nos a uma experiência psicológica individual, de acentuado mal-estar, angústia e sentimento de vazio, que não surge apenas por se estar só, mas sobretudo, por a pessoa não sentir suprimidas as suas necessidades de proximidade, atenção, compreensão, carinho, em relação aos seus entes queridos.
No contexto de lar residencial, a vivência da solidão é sentida na ausência do seu espaço próprio, do “lugar das suas coisas”, e pela presença dos “estranhos conhecidos” com quem partilham o espaço. Este sentimento é acentuado pela saudade de si próprio, pelos sentimentos associados à perda de capacidades físicas e mentais, que outrora podiam depender, e da mudança da versão de si mesmos, espelhada num mundo em mudança.
Particularmente, a realidade de um natal longe da sua casa e sem a presença de alguns dos entes queridos desejados, potencia este sentimento, mostrando-se um tema particularmente relevante a ser falado junto dos residentes de um lar. Contudo, o sentimento de solidão não é sinónimo de estar só, isto é, pode não apenas se dever a uma necessidade de fortalecer a rede social da pessoa mas sim do sentido existencial. Como tal, nestas alturas é muito importante, validar um sentimento que evoca necessidade humana de estar com o outro, e promover a relação e a partilha de momentos junto das pessoas que os rodeiam: familiares e com outros residentes. Aos familiares importa também validar extrema importância do seu contributo enquanto cuidadores, nos momentos em que podem estar presentes e do amor incondicional que lhes traz um pouco do seu lar.
Dado que, no natal, uma das temáticas predominante é o sentimento de união e o amor, e nesse sentido, importa recordar os vários tipos de relação que temos com as pessoas que nos rodeiam, que nos podem proporcionar esses sentimentos, e que na partilha, todos podemos ter um papel em atenuar a solidão do Outro.
Autor: Sofia Magalhães | C.P.: 25873
Referências
Azeredo, Z.A.S., & Afonso, M.A.N. (2016). Solidão na perspectiva do idoso. Revista brasileira de geriatria e gerontologia, 19 (02). https://doi.org/10.1590/1809-98232016019.150085