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A intervenção da Ativo em Casa

A intervenção da Ativo em Casa consiste em promover o envelhecimento positivo, através do acompanhamento psicológico que melhore a sua qualidade de vida e satisfação e, da prática de atividades que estimulem funções cognitivas. A Ativo em Casa utiliza como abordagem a psicologia positiva, baseando-se no modelo de bem-estar psicológico desenvolvido por Carol Ryff. Este modelo contempla seis dimensões do bem-estar psicológico, nomeadamente:

a) Autonomia: ter autodeterminação e viver de acordo com as suas convicções pessoais, procurando atividades interessantes e desafiadoras e assumindo a responsabilidade pelo seu próprio comportamento.

b) Domínio ambiental: ser capaz de gerir as situações e as atividades da sua vida

c) Crescimento pessoal: continuar com o seu processo de crescimento e desenvolvimento pessoal, fazendo uso do seu talento e do seu potencial.

d) Relações positivas: ter relações positivas e de qualidade com outras pessoas; ter relações profundas e conectadas laços com outras pessoas significativas

e) Propósito na vida: ter objetivos e metas que dão sentido à sua vida, investindo significativamente na procura e no seu envolvimento em atividades

f) Auto-aceitação: ter conhecimento de si mesmo e aceitar os seus pontos fortes e fracos, incluindo ter consciência das suas limitações.

De acordo com Carol Ryff as seis dimensões devem ser vistas como componentes do bem-estar e não como um contributo para o bem-estar. O bem-estar é visto como uma combinação complexa das seis dimensões, sendo um fator de proteção em aspetos físicos, psicológicos e emocionais. De acordo com diversos estudos, ter um propósito de vida reduz o risco de doença de Alzheimer e o declínio cognitivo.

A terapia de bem-estar de Ryff, baseia-se numa intervenção cognitivo comportamental, e tem como objetivo promover o funcionamento equilibrado entre as dimensões, de modo a permitir o florescimento individual (capacidade de o indivíduo para aceitar e adaptar-se às circunstâncias de vida de forma construtiva).

Uma característica importante na fase inicial desta intervenção é a monitorização das experiências vividas, os indivíduos são solicitados a identificarem as experiências positivas do seu dia a dia e a registam num diário as circunstâncias em que envolve os episódios de bem-estar.

Outra característica refere-se à identificação de pensamentos e crenças desajustadas relacionadas com as dimensões que impedem o desenvolvimento do bem-estar. É ainda utilizada a exposição comportamental, que consiste em reforçar o envolvimento em atividades agradáveis, como praticar as suas habilidades, participar em atividades de lazer ou reservar um tempo para relaxar. Este reforço também implica atribuir gradualmente tarefas e a exposição a situações consideradas desafiadoras que o individuo pretende evitar, e das quais irão produzir bem-estar e boas experiências.

Para além, das características acima referidas, na fase final da intervenção, depois de se analisar quais as áreas de bem-estar mais comprometidas, é realizada a reestruturação cognitiva dessas dimensões e o confronto com o desafio das experiências. A restruturação das dimensões disfuncionais do bem-estar irá facilitar a aquisição de pensamentos e comportamentos positivos/adaptativos. Eventualmente se verificar-se que a autoaceitação e o crescimento pessoal são as áreas mais comprometidas, o psicólogo deverá explicar em que consiste cada uma delas, enfatizando a importância de considerar as adversidades como oportunidades, uma vez, que é através do confronto com as mesmas que ocorre o crescimento e a melhoria de si mesmo. Nesta fase é esperado que os indivíduos sejam capazes de identificar situações de bem-estar, reconhecer pensamentos disfuncionais que impedem o bem-estar, e corrigi-los com interpretações mais positivas e realistas.

Este modelo salienta a importância da mudança das cognições na mudança do comportamento e das emoções, de maneira que as habilidades aprendidas pelos indivíduos possam ser aplicadas na sua vida diária para lidar com as interrupções do bem-estar e procurar experiências ideais e satisfatórias.

O objetivo desta intervenção não é apenas conduzir o individuo a procurar níveis elevados de bem-estar em todas as dimensões, mas a alcançar um equilíbrio nas mesmas.

 

Referências:

Fava, Giovanni, A., & Ruini, C. (2014). Increasing and Educational being in Clinical Psychological Well- Settings. Interventions and Cultural Contexts. In Increasing Psychological Well-being in Clinical and Educational Settings

Fava, G. A. (2016). Well-Being Therapy: Current Indications and Emerging Perspectives. Psychotherapy and Psychosomatics, 85(3), 136–145.

Friedman, E. M., Ruini, C., Foy, C. R., Jaros, L., Love, G., & Ryff, C. D. (2017). Lighten UP! A community-based group intervention to promote psychological well-being in older adults. Aging & Mental Health, 21(2), 199–205.

Guidi, J., Rafanelli, C., & Fava, G. A. (2018). The clinical role of well-being therapy. Nordic Journal of Psychiatry, 72(6), 447–453.

Ryff, C. D., & Keyes, C. L. M. (1995). The Structure of Psychological Well-Being Revisited. Journal of Personality and Social Psychology, 69(4), 719–727.

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